domingo, 1 de maio de 2011

Brassai

Você diria, a partir da exposição de fotografias de Brassai, que a função da arte é exprimir a beleza? Explique...

3 comentários:

  1. Nome: João Glaydson Galeno Silva - 0712553/4

    Ao visitar a exposição Brassai a primeira sensação que me chamou a atenção foi o forte contraste das luzes nas peças fotográficas. Antes de realizar qualquer exercício de entendimentos, o que atrai imediatamente
    nosso olhar nas imagens de Paris à noite é a oposição entre paisagens bastantes escuras e fortes fontes de iluminação criando uma atmosfera lúdica e surreal, como em um sonho sombrio.
    Numa sequência natural, o que se observa é o tipo de objeto fotografado: cenas marginais, bordeis,
    vagabundos, banheiros públicos entre outros tipos de personagens e eventos que são tipicamente franceses, mas
    especificamente noturnos. A forma que Brassai nos coloca enquanto observador, passa uma forte sensação de proximidade e intimidade dentro das cenas, como se estivéssemos dando um flagrante ou sendo um voyeur, que
    tem acesso a situações, cenas, locais, eventos que não estão disponíveis a todos ou fazem parte de um universo
    da cidade de Paris que não está aberto a todo público.

    Em uma terceira fase de analise vemos que Brassai tinha como intenção mostrar realmente uma Paris diferente da
    que estamos acostumados a ver nos filmes ou nos cartões postais. Na exposição não encontramos a torre Eiffel
    da maneira comum, com o céu azulado e sua estrutura se destacando em uma bela paisagem, em Brassai temos uma
    torre feita de luz que se destaca em meio a uma noite obscura, criando um universo noir. Brassai nos leva até os
    famosos cafés franceses, onde temos personagens melancólicos e desolados. Na Paris de Brassai os gatos também
    são pardos, as prostitutas na noite fria esperam na escuridão, tudo que vemos está mais na esfera da impressão
    e da emoção do que na razão. A luz aponta para a beleza desses momentos e dessas cenas e nos aproximam desse
    novo universo.

    As imagens de Paris que Brassai nos mostra nos leva a um universo pouco sóbrio, nos deixa em um limiar quase irracional. Surgem perguntas a cada instante. Como Brassai teve acesso aqueles locais reservados e aquelas pessoas? Como ele conseguiu uma iluminação tão bonita? Mas a principal questão, ao meu ver, é qual a verdadeira Paris.

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  2. Logo que se entra no espaço da exposição de fotos do Brassai, percebe-se a intenção do artista de mostrar uma Paris diferente, uma Paris que nem todos conhecem, dos trabalhos marginalizados, das formas, corpos e vidas que aparecem na noite parisiense. O fotógrafo retrata a Paris das luzes através das sombras e de tudo o que representa vida nessa realidade que também faz parte da cidade francesa.

    As imagens fotografadas fascinam quem observa essa Paris tanto quanto a técnica e a sensibilidade do artista, que capta o momento a partir de ângulos, luzes e movimentos fundamentais para o efeito que se procura passar. É possível perceber, a partir disso, que Brassai teve a intenção de passar o que cada momento fotografado passa, além da técnica, o artista teve o que se define, no livro O que é feiúra, como intuição criadora, através da qual uma obra atinge o princípio estético de ser bela.

    Segundo o livro, qualquer reação contrária à afirmação de que obras, como as de Brassai, que foram feitas a partir de uma intuição criadora são belas são consequências da ignorância humana ao admirar uma obra com seu sentido inteligenciado.

    "Para o puro espírito e para o animal, não há feiúra. [...] A noção de feiúra é, por conseguinte, própria e característica da natureza humanae bem reveladora do homem. [...] A feiúra vem mostrar a ignorância e a incapacidade do homem [...] Constitu a feiúra o meio de camuflar a ignorância no domínio estético, pois que o sujeito, então, não é capaz de conhecer a beleza estética das obas de arte". (O que é feiúra. pp. 37)

    A partir dessa afirmação, o autor explica que o homem, com os limites consequentes do sentido inteligenciado com o qual observa, por exemplo, obras de arte, comete um erro ao julgar uma obra como bela ou feia sem conhecer sua história, como foi criada, se ela tem ou não intuição criadora. Se a obra tiver sido produzida com intuição criadora ela tem beleza estética, seja o homem ignorante ou não em relação a esse fato.

    A função da arte, como se observa na exposição do Brassai, tem sim a função de exprimir beleza. Cabe a nós, seres humanos e únicos incapazes de ver beleza sem ser mediada por esse sentido inteligenciado, ter humildade e consciência em relação a nossas limitações de julgamento, para termos disposição para conhecer um pouco mais cada obra que pretendemos julgar.

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  3. Eu pude perceber que o que Brassai tenta mostrar é um contidiano percebido pelos olhos de quem procura não o enxergar. O artista incorpora a Paris 'escura' relatando a vida de prostitutas, cafés, namorados e contidianos vistos de um ponto de vista que muitos o ignoravam. Brassai passa a sensação de integração com suas fotografias onde ele retrata não só o belo convencional, mas sim o belo apagado da visão de tantas pessoas.

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